Com apoio da Secretaria Estadual da Saúde, Instituto da Criança com Diabetes já distribuiu mais de 250 mil insulinas e insumos

Morador de Alvorada, Gustavo de Oliveira, de apenas 10 anos, já estava com dificuldade para encontrar sua principal insulina.

Após mobilização nacional da comunidade médica, profissionais da saúde, grupos organizados e influenciadores digitais, desde o dia 5 de maio o Instituto da Criança com Diabetes (ICD) recebeu em sua sede, no bairro Cristo Redentor, em Porto Alegre, mais de 320 mil insumos, vindos de diversos estados do Brasil. Todas as doações que chegam são triadas e catalogadas e mais de 250 mil insumos já foram destinadas pelo ICD para entidades, abrigos, profissionais da saúde e pessoas com diabetes em geral, sendo ou não pacientes atendidos pela instituição.

Com apenas 10 anos, Gustavo Joaquim de Oliveira, morador de Alvorada, se viu sem sua principal arma para o manejo do diabetes tipo 1: a insulina degludeca. “Estávamos sem acesso, tudo trancado. A insulina dele estava acabando e estava em falta nas farmácias, não estávamos encontrando. Então, recorri ao ICD solicitando um auxílio, pois é desesperador ver a insulina acabando e não encontrar. E sabemos que insulina é vida”, relata a mãe, Ana Paula da Luz Joaquim.

A tranquilidade só veio mesmo depois de ter a insulina na geladeira de casa. “Sentimento de gratidão, de saber que temos uma rede de apoio que nos tira a angústia que nos ampara, que está sempre conosco. A mensagem do ICD que mais me marcou quando eu pedi a ajuda foi: ‘não se preocupa que nós vamos levar aonde você estiver’. E além da insulina, todos os insumos, inclusive o tamborzinho das agulhas que vai na caneta para fazer o HGT, que eu nunca consegui comprar por não encontrar, o ICD me forneceu”, agradece Ana Paula.

O diretor presidente do ICD, Dr. Balduino Tschiedel, explica que a maior dificuldade é a falta de tempo, motivo pelo qual a entidade se colocou à disposição desde o primeiro momento. “Uma pessoa com diabetes tipo 1 não pode ficar 24h sem aplicar insulina, pois corre o risco de entrar em um quadro de cetoacidose diabética, que só pode ser tratado em uma UTI. Um risco de vida muito forte”, explica.

O apoio da Secretaria da Saúde (SES) veio desde o primeiro momento na articulação para o recebimento dos insumos, na logística para o transporte e na busca ativa de pacientes. “A solidariedade das instituições nos emociona, nos anima e dá sentido de que a ajuda de cada um tem um significado na entrega que se faz para tantas pessoas que foram atingidas por essa calamidade climática. Nossas palavras são de agradecimento ao Instituto da Criança com Diabetes, que também, com seu jeito de ser, com seu afeto e com seu carinho se mobiliza para ajudar quem mais precisa. Nossa gratidão”, afirma a secretária Arita Bergman.

Segundo a gerente executiva do Instituto, Ana Bertuol, as doações vieram de todo o Brasil “É incrível como a comunidade civil e muitas empresas abraçaram essa causa e escolheram o Instituto da Criança com Diabetes para fazerem suas doações e enviar insulinas e demais insumos necessários, como seringas, glicosímetros, fitas e lancetas. Não imaginávamos que esta seria uma mobilização de proporções nunca vista para a comunidade com diabetes no Brasil. Isso nos emociona, nos deixa orgulhosos e atentos para tratar todas estas doações com a responsabilidade que merecem”, garante.

Bertuol explica que para comportar estas doações uma verdadeira operação de guerra foi montada, já que as insulinas precisam ficar refrigeradas. Na sede do ICD, o espaço de armazenamento foi ampliado, toda equipe se mobilizou para receber os insumos, conferir as validades, catalogar e enviar para as regiões mais necessitadas ou diretamente para pacientes isolados. Além disso, como o acesso por estradas ficou quase inviável em muitos locais, o Instituto realizou uma articulação com outros grupos e abriu 16 frentes que receberam insumos diretamente das doações em lugares mais longínquos, como Caxias do Sul, Pelotas, Rio Grande, Gravataí, Viamão, Canoas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Eldorado do Sul, Guaíba, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Lajeado e Triunfo, entre tantos outros, para facilitar o acesso das pessoas.

Com o aeroporto Salgado Filho submerso e o acesso por rodovia comprometido, a solução foi criar em Canoas uma estratégia para receber os insumos através da Base Aérea. Para isso, a empresa Catto Transportes emprestou uma carreta refrigerada a 5 ºC que fica 24h à disposição da equipe que recebe os insumos, local onde as insulinas permanecem até que o transporte para Porto Alegre seja possível de helicóptero ou por rodovia.

“Todo este trabalho só foi possível graças ao apoio de empresários que colocaram seus aviões, helicópteros, lanchas e até carretas refrigeradas à disposição da nossa causa, 24 horas por dia, no último mês. Além disso, construímos uma articulação constante com diversas prefeituras, com a Força Aérea Brasileira, o Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil, a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e a Secretaria Estadual da Saúde”, salienta Ana Bertuol.

O principal foco do ICD continua sendo em fazer todo o possível para que os insumos cheguem de forma rápida e correta a quem precisa. Todas as informações, formas de doar e a prestação de contas de todo esse trabalho estão em www.icdrs.org.br.